Uma das mais conhecidas documentações aponta que a primeira barragem teria sido construída por volta de 2950-2750 a.C. pelos egípcios, com o nome de Sadd el-Kafara, em árabe “Barragem dos Pagãos”.
As represas são tecnologias ancestrais, nascidas de formas bem diferentes a partir de condições locais. Mas atualmente fazem parte de uma lógica de implementação de projetos de energia em larga escala, ou megaprojetos. Estima-se que 50.000 barragens estejam planejadas ou em construção, especialmente nos países do hemisfério Sul do planeta, como o Brasil. Já no hemisfério Norte, esse tipo de construção caiu em desuso. Qual a conexão entre esses dados? Como aproximar essas informações das transformações ocorridas em diversos territórios? O que esse processo fala sobre colonialidades e construções patriarcais de poder nas tomadas de decisão?
Represas (em inglês “Beyond the Dam”) comeca na trajetória de um doutorado na Universidade Livre de Berlim e responde a um transbordamento da documentacao de uma tese para além do formato de pesquisa acadêmica tradicional. É um braco audiovisual, fotográfico e de escrita ensaística a partir da investigacao das transformacoes ocorridas em territórios e corpos, a partir da chegada de barragens de hidrelétricas no Brasil. O ponto de partida é o estudo de discursos de dominacao, tendo como referência feminismos latino-americanos.
As far as we know from ancient documentation, the first dam was built around 2950-2750 B.C. by the Egyptians, under the name of Sadd el-Kafara, Arabic for “Dam of the Pagans”.
Dams are ancestral technologies, born in very different ways from local conditions. But today they are part of a logic of implementing large-scale energy projects, or megaprojects. It is estimated that 50,000 dams are planned or under construction, especially in the southern hemisphere countries, such as Brazil. In the Northern hemisphere, this type of construction has fallen into disuse. What is the connection between these data? How can this information be brought closer to the transformations that have taken place in various territories? What does this process say about colonialities and patriarchal constructions of power in decision-making?
REPRESAS /Beyond the Dam (Portuguese/English) begins in the trajectory of a doctorate at the Free University of Berlin and responds to an overflow of the documentation of a thesis beyond the format of traditional academic research. It is an audiovisual, photographic and essayistic arm that investigates the transformations of territories and bodies after the arrival of hydroelectric dams in Brazil. The starting point is the study of domination discourses, with reference to Latin American feminisms.