Risk Factors [english]
À medida que o debate sobre as mudanças climáticas se intensifica, cresce também a disputa de narrativas tanto nos espaços online quanto offline. Muitas lentes dominantes apresentam um futuro baseado em soluções tecnológicas e equivalências que apagam diferenças, multiplicidades e modos de vida. No entanto, as estruturas de poder e hierarquia que contribuem para as mudanças climáticas e a degradação ambiental são frequentemente negligenciadas. Ao mesmo tempo, multiplicam-se formas de interrupções e obstáculos na vida de quem fala de meio ambiente a partir desse lugar.
Projeto premiado no Creative Media Awards / Mozilla Foundation (2023)
A expressão ‘mudanças climáticas’ entrou na pauta, mas quem pode falar e o que se pode falar é outra história.
O ponto de partida é o Brasil, mas o contexto é transnacional. Risk Factors / Fatores de Risco destaca os desafios enfrentados por pesquisadoras e estudantes mulheres e dissidentes de gênero e sexo nas universidades brasileiras enquanto navegam em seu trabalho sobre conflitos socioambientais. Este é um projeto feito sobre e por mulheres e pessoas queer.
Apresentando uma narrativa não linear, o filme/plataforma segue as histórias de cinco pesquisadoras e estudantes que abordam com desinformação climática, defesa dos territórios e direito à terra, redes de mulheres na Amazônia, modos de vida e colonialismo verde transnacional, entre outros. Elas vêm de diversos contextos e trajetórias, (bios completas abaixo), incluindo líderes indígenas na Amazônia brasileira e referências na denúncia ao racismo institucional.
Interrupção é um corte, é algo que impede uma passagem, um fluxo, uma corrente energética, uma ideia.
Este webdoc entende tanto o risco quanto a liberdade acadêmica de forma mais ampla e interseccional, partindo dos obstáculos enfrentados por algumas pessoas para entrar e permanecer nas universidades, passando por muitas faces de racismo, sexismo e discriminação LGBTQ, corte de financiamentos, perseguiçóes diretas e outros entraves.
O que significa risco? Por que o trabalho delas enfrenta tantas interrupções?
Se você pensou na ideia de vulnerabilidade, o fluxo dessa história e investigação é exatamente o oposto. As perspectivas potentes e disruptivas que elas trazem não se encaixam em equivalências de cálculos de carbono e formas universais fáceis de compensação ambiental. Elas mostram que os pontos de início dessa história são outros.
Apoiadores:
Ao longo de suas várias fases, o projeto recebeu apoio da Scholars at Risk, dos Creative Media Awards e do Green Screen Catalyst Fund. É essencial enfatizar que a principal dedicação e apoio ao projeto vieram de uma energia independente e autônoma durante todo o processo.
Lista completa das entrevistadas
Auricélia Arapiuns é uma líder indígena, estudante de Direito na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e referência na luta pelos direitos das mulheres na Amazônia e em todo o país. Ela também é membro do Conselho Deliberativo da Coiab Amazônia.
Vandria Borari, líder indígena do povo Borari, é artista cerâmica e bacharel em Direito. Ela faz parte do Coletivo Musical de Mulheres Indígenas As Karuanas e da Associação Indígena Borari Kuxiimawara do Território Borari em Alter do Chão.
Marcela Vecchione-Goncalves é professora e pesquisadora ativista baseada em Belém, Pará, Brasil, onde integra o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordena o Grupo de Pesquisa ReExisTerra. Marcela atua coletivamente na educação popular com grupos que lutam e resistem em defesa da terra, especialmente aqueles liderados por mulheres.
Denise Oliveira e Silva é Diretora Adjunta da Gerência Regional de Brasília da Fiocruz e Pesquisadora Titular em Saúde Pública. Com mestrado em Ciências da Alimentação (Universidade de Gand) e Saúde Pública (Escola Nacional de Saúde Pública), além de doutorado em Ciências da Saúde (Universidade de Brasília) e pós-doutorado em Antropologia da Alimentação (Centre Edgar Morin, Paris), tem vasta experiência em políticas públicas relacionadas à alimentação e nutrição. É docente desde 1987, coordena projetos sobre patrimônio alimentar e é editora-chefe da Revista de Alimentação e Cultura das Américas.
Rose Marie Santini é professora na Escola de Comunicação da UFRJ, lecionando em níveis de graduação, mestrado e doutorado. Ela é pesquisadora na rede europeia VOX-Pol, focada em extremismo político online. Como fundadora e diretora do Netlab, estuda o fenômeno da desinformação no Brasil e no mundo. Com expertise em Comunicação e Estudos da Internet, seus temas incluem curadoria algorítmica, manipulação nas redes sociais e propaganda computacional. É autora dos livros “O Algoritmo do Gosto” e lidera projetos de pesquisa sobre desinformação e políticas climáticas no Brasil.
Equipe por trás das câmeras
Camila Nobrega é jornalista transmedia queer feminista e pesquisadore acadêmica, com base entre o Brasil e a Alemanha. Com foco em investigações sobre conflitos socioambientais e megaprojetos a partir de lentes feministas decoloniais e queer, seu trabalho promove conexões entre jornalismo, academia e formatos transmídia de documentário a partir de processos coletivos. Pesquisadora na Universidade de TU Dresden e em outras universidades na Alemanha. Fundadora do projeto Beyond the Green.
Kelly Saura é artista visual, designer e produtora cultural. Desenvolve e colabora com projetos envolvendo arte, tecnologia, educação e justiça socioambiental. Em 2020, recebeu o prêmio DIPR Fund / Impact Producer da Doc Society (UK/USA) pelos projetos P14311 e Aurora64 (filme e livro, de Diego Di Niglio). Como programadora, atuou no Mercado Macchi – Feira de Artes de Chiloé (Chile), em 2024, e no LabicBR – Laboratório Ibero-Americano de Inovação Cidadã (Brasil), em 2016. Desde 2021, Kelly começou a trabalhar em projetos do Laboratório Beyond the Green. Atualmente colabora com o Kuirme Collective e Trasdej Project.
Noga Enbar: Com mais de uma década de experiência, Noga é uma designer UX/UI sênior e artista com uma combinação única de habilidades, incluindo formação em desenvolvimento front-end. Ela é co-fundadora de uma agência digital no Reino Unido especializada em projetos de tecnologia para o bem, e seus esforços colaborativos se estenderam a inúmeras ONGs, projetos de arte, startups e outros. Ela é a designer principal em sua agência, Fusion Journey. Comprometida em mentorar a próxima geração de designers, permanece apaixonada por todo o processo de design, desde a concepção até a conclusão e além.
Lívia Goulart é uma editora audiovisual queer e está ativa no mercado de pós-produção desde 2010. Ela editou projetos documentais para TV e cinema, incluindo o especial “Falas Negras” (TV Globo), a minissérie documental “O Enigma da Energia Escura” (Lab Fantasma/GNT), apresentada por Emicida, e “O Som do Rio” (YouTube). Também trabalhou no docu-reality original do GloboPlay “Segura essa Pose”, que explora a cena ballroom no Rio de Janeiro, e no longa-metragem “Funk Favela”. Participou do júri do prêmio de edição no 29º Festival Internacional de Documentários “É Tudo Verdade” e na IV BIS – Bienal do Cinema Sonoro. É membro da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro e da edt. – Associação de Profissionais de Edição Audiovisual.
Maíra Sala é uma artista multidisciplinar e tecnóloga criativa com 16 anos de experiência em arte digital e narrativa interativa. Seu trabalho, que mistura interação em tempo real e narrativas imersivas, foi apresentado em festivais como ISEA, Art Futura, Live Cinema e Electrofringe. Ela também ensinou narrativa interativa no LAB Cinema Expandido no Rio de Janeiro. Combinando visão artística com expertise tecnológica, ela expande os limites da narrativa e da participação do público.
Laura Neiva estuda Cinema e Audiovisual na PUC-Rio (Rio de Janeiro, Brasil) e é produtora. Ela produziu mais de oito curtas-metragens e participou do longa “Por Nossa Causa” (2025), dirigido por Sérgio Rezende. Atualmente, é assistente de direção na nova série da Coevos Filmes, uma famosa produtora brasileira.
Ian Melo é formado pela PUC-Rio em Estudos de Mídia com ênfase em Cinema, trabalha atualmente como montador e participou da montagem de projetos audiovisuais ao lado de Bianca Peres, Pedro Freire e Marcia Antab.




